sábado, 31 de julho de 2010

A AUTOBIOGRAFIA DE MARK TWAIN

O ano de 2010 marca o centenário da morte de Mark Twain, "o primeiro escritor verdadeiramente americano" nas palavras de William Faulkner. Para comemorar e também reavivar o interesse pela obra do escritor, a University of California Press vai publicar em Novembro a autobiografia de Mark Twain.

Para ele vale aquele dito popular "um grande escritor tem uma grande biografia", o livro é inédito e será publicado integralmente em três volumes. O interessante é que essa autobiografia foi ditada por Twain quatro anos antes de sua morte. Os ditados foram anotados por um estenógrafo. Como justificativa ele "argumentou que falar suas lembranças e opiniões, ao invés de escrevê-las, permitiu-lhe adotar um tom mais natural, coloquial e franco" - segundo artigo do New York Times.

Mark Twain na verdade se chamava Samuel Langhorne Clemens e existem várias versões para explicar o uso desse pseudônimo. Além de escritor, ele trabalhou numa gráfica, foi correspondete de viagem, piloto no Rio Missisipi, minerador, inventor, professor e jornalista. Seus livros mais conhecidos são As aventuras de Huckleberry Finn e As aventuras de Tom Sawyer.

*imagem: reprodução do Wikipedia.

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

A LITERATURA NOS VIDEOGAMES: O CASO GRANDE GATSBY

Você já imaginou que algum dia o seu livro preferido poderia ter uma versão para o vídeogame? Pois foi exatamente isso que aconteceu com O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald. A empresa Big Fish Games desenvolveu um jogo para PC a partir da história do livro. Eu não fiz o download para teste e nem joguei uma partida, mas segundo o Los Angeles Times a tal versão ficou a desejar. O problema não é a fidelidade em relação a história original, mas a falta de dinâmica do jogo. Tudo o que o jogador tem de fazer é clicar e acumular pontos em cenários bastante estáticos. Por fim, você apenas acompanha a história sem adentrar aquele universo.

Um dos grandes atrativos dos videogames atuais é justamente dar ao jogador a possibilidade de vencer obstáculos, construir narrativas e participar totalmente da história que está sendo apresentada. Qualquer um que já passou os olhos em jogos do Playstation, Xbox, Wii e afins sabe que os vídeogames estão chegando a um nível de realismo e interatividade incríveis. E o casamento entre literatura e vídeogame tem todas as chances de render bons frutos - vide, por exemplo, o ensaio Virando o jogo, de Daniel Galera para a revista Serrote.

Essa semana, Salman Rushdie também tocou no assunto ao falar sobre seu novo livro Luka e o Fogo da Vida - que será lançado na FLIP. Luka, o protagonista do livro, tem de roubar o fogo da vida na Montanha do Conhecimento para salvar seu pai do sono da morte.

Seguindo o embalo, o blog Flavorwire fez uma lista com dez clássicos da literatura que poderiam render bons jogos. Entre eles: A revolução dos bichos, de George Orwell; Pé na estrada, de Jack Kerouac; Emma, de Jane Austin; As bruxas de Salem, de Arthur Miller e O sol é para todos, de Harper Lee. Claro que uma experiência não deve substituir a outra, mas pode servir como um verdadeiro complemento e atrativo para as pessoas que são altamente envolvidas com o universo do vídeogame.

Imagine o dia em que lançarem o jogo de Ulisses, de James Joyce?

*imagem: reprodução do site bigfishgames.com
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quinta-feira, 29 de julho de 2010

A FLIP 2010 ESTÁ CHEGANDO


Falta apenas uma semana para o começo da FLIP. Portanto, não se espante se os jornais e revistas só falarem de literatura nesses próximos dias. Será um dos assuntos do momento. Tamanha atenção não é à toa. Em sua 8ª edição, a FLIP já é uma festa literária de sucesso. É a maior do ramo no nosso país, sobretudo porque atrai um público bastante diversificado: desde profissionais do mercado editorial, até os curiosos novos leitores. Todos estão por lá.

No ano passado, cerca de vinte mil pessoas lotaram as ruas da cidadezinha de Paraty para dedicar sua atenção aos livros, a leitura e a literatura. A expectativa é que esse número aumente ainda mais a cada edição. Num país como o Brasil isso é um acontecimento raro. Infelizmente todos nós sabemos das dificuldades que o mercado editorial enfrenta. Sejamos otimistas, pois uma mudança está em curso e a FLIP certamente é uma das maiores responsáveis por isso.

Ao longo desses anos a FLIP ajudou a divulgar escritores renomados, além de criar e lançar novos escritores. Mais ainda, a FLIP ajudou a movimentar o setor, criou uma "cena literária". As editoras, as revitas, os jornais, os sites especializados e os blogs também seguiram a corrente e deram mais força. Afinal, é assim que as coisas funcionam.

Em meio a esse clima, quero fazer uma pequena retrospectiva das grandes personalidades que já estiveram na FLIP nas edições passadas. No meu recorte estou considerando apenas os escritores de literatura estrangeira que dificilmente poderiamos ver por aqui. Não quero diminuir a grandeza dos nossos escritores, muito pelo contrário. Muito menos quero menosprezar a presença de outras personalidades que já se apresentaram na festa. Trata-se de um recorte bem particular, mas que deve servir como justificativa para tudo o que eu disse acima.

Já estiveram na FLIP, só para citar alguns nomes: Ian McEwan, Paul Auster, David Grossman, Orhan Pamuk, Salman Rushdie, Ali Smith, Jonathan Safran Foer, Jeffrey Eugenides, Nicole Krauss, Toni Morrison, JM Coetzee, Jim Dodge, Nadine Gordimer, Will Self, Chimamanda Ngozi Adichie, David Sedaris, Ingo Schulze, Nathan Englander, Neil Gaiman, Richard Price, António Lobo Antunes, Atiq Rahimi, Simon Schama, Enrique Vila-Matas, Edmund White, Ondjaki, Alan Pauls, Amós Oz, Nathan Englander, Richard Dawkins e tantos outros.

*imagem: divulgação

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

MAN BOOKER PRIZE ANUNCIA LISTA DE INDICADOS

O júri do Man Booker Prize anunciou ontem a lista de indicados ao prêmio desse ano. Depois de avaliar 138 livros, o júri escolheu apenas 13 romances de língua inglesa para compor o que eles chamam de lista maior do prêmio. Em Setembro será anunciada uma lista menor - com apenas 6 indicados - e em Outubro haverá o anuncio do ganhador do prêmio final.

Todos os romances indicados são inéditos e ainda não tem tradução para o português. Porém, cinco autores já tem outros livros publicados aqui no Brasil: Peter Carey, Helen Dunmore, Damon Galgut, Andrea Levy e David Mitchell.


Os 13 indicados são:

Parrot and Olivier in America, de Peter Carey;
Room, de Emma Donoghue;
The Betrayal, de Helen Dunmore;
In a Strange Room, de Damon Galgut;
The Finkler Question, de Howard Jacobson;
The Long Song, de Andrea Levy;
C, de Tom McCarthy;
The Thousand Autumns of Jacob de Zoet, de David Mitchell;
February, de Lisa Moore;
Skippy Dies, de Paul Murray;
Trespass, de Rose Tremain;
The Slap, de Christos Tsiolkas;
The Stars in the Bright Sky, de Alan Warner.

*imagem: reprodução do site The Man Booker Prize.

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TRÊS LIVROS SOBRE CIGARRO...

O cigarro está fora de moda. Na literatura, um fumante que tem acabar com o seu vício sempre acaba nos contando alguma história. Seja ela divertida, filosófica ou política. Portanto, escolhi três livros cujo tema principal é o cigarro.

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ENGOLIDO PELAS LABAREDAS
David Sedaris
Companhia das Letras

Além de escritor, David Sedaris é showman americano que usa a sua própria experiência de vida para nos contar histórias hilariantes. Alguns relatos muito engraçados que estão nesse livro falam da luta de Sedaris para conter o seu vício ao cigarro. Nesse percurso, ele relembra do primeiro maço até os últimos tragos que deu em um cigarro. Sedaris chegou a ser comparado a Woody Allen, mas o tipo de humor que ele faz parece muito mais ácido e politicamente incorreto. Leitura altamente recomendada.
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O ÚLTIMO CIGARRO
Henri-Pierre Jeudy
Sulina

Será que um cigarro é capaz de nos fazer afundar em pensamentos profundos? Ainda mais quando temos a sensação de que esse será o nosso último cigarro. E um romance pode de fato nos causar algum tipo de vício danoso? Um romance pode se comparar a um cigarro? Todos esses devaneios e muitos outros acontecem nesse livro graças a uma questão simples: para ou não parar de fumar? Afinal, onde está o nosso direito de decidir, de ter prazer?
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A GUIMBA
Will Self
Alfaguara

Você ainda não conhece Tom Brodzinski, mas ele será responsável por um história surreal. Atirar uma guimba de cigarro pela janela foi o único gesto que ele fez para dar início a todos esses acontecimentos. Mais um detalhe importante deve ser mencionado: ele estava tentando parar de fumar. Quem mais poderia escrever um livro como esses senão Will Self? Decidido a continuar seu projeto de criticar a cultura moderna, Self faz uma alegoria sobre as leis anti-tabagistas e ao colonialismo político, com direito a momentos que lembrar Kafka, Graham Greene, JG Ballard, William Burroughs e Hunter S. Thompson.

*imagens: divulgação.

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terça-feira, 27 de julho de 2010

O CLUBE DA LUTA DE JANE AUSTEN

Um vídeo que já está se tornando viral na internet. É o Clube da Luta de Jane Austen. Baseado na ideia de Orgulho e Preconceito e Zumbis, em que as irmãs Bennett são verdadeiras mestres das artes marciais, o vídeo mostra famosas personagens dos romances de Jane Austen organizando um clube da luta - encabeçados por Elizabeth, de Orgulho e Preconceito. O mais engraçado é que o vídeo imita o filme Clube da Luta, de David Fincher, e lembra os filmes de Quentin Tarantino. (via Telegraph).


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segunda-feira, 26 de julho de 2010

A PARCERIA ENTRE A PENGUIN E A CIA DAS LETRAS


A notícia mais importante do dia e quem sabe do ano é a chegada da editora Penguin ao Brasil através de uma parceria com a editora Companhia das Letras. Acho que a editora não é muito conhecida por aqui, mas trata-se de um dos maiores grupos editoriais do mundo: a sede fica na Inglaterra e tem filiais nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, Índia, África do Sul e China.

Eu já falei muitos vezes aqui no Casmurros sobre os livros que a Penguin está lançando em função dos seus 75 anos. Acho que os leitores inveterados conhecem e sabem o valor que a marca Penguin tem. Por isso, a parceria é motivo de comemoração. Certamente teremos o relançamento de livros importantes, totalmente renovados e em edições bem cuidadas.

Fundada em 1935 por Allan Lane, a Penguin tinha a missão de colocar livros de qualidade no mercado com preços atrativos e venda em locais diversificados. De lá pra cá, a editora tornou-se uma marca forte justamente por apostar em edições caprichadas de clássicos da literatura antiga e contemporânea: boa tradução, prefácios assinados por gente de renome, notas explicativas e capas que tornam o livro como um verdadeiro objeto de desejo.

O catálogo da Penguin também conta com livros de outras áreas do conhecimento, como filosofia, ciência, etc. No entanto, a Penguin Companhia vai publicar em português livros do selo Penguin Classics, incluindo também títulos de autores brasileiros.

Os quatro primeiros livros serão: O Príncipe, de Maquiavel; Pelos Olhos de Maisie, de Henry James; Joaquim Nabuco Essencial e O Brasil Holandês, ambos organizados por Evaldo Cabral de Mello.

* imagem: reprodução do blog da Cia das Letras.
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sábado, 24 de julho de 2010

FAMA E ANONIMATO: OS ESCRITORES BRASILEIROS MAIS RECLUSOS

O blog Flavorpill fez um post sobre os autores mais reclusos do século XX (In Defense of Privacy: The 20th Century’s Most Reclusive Authors) defendendo o direito a privacidade dos escritores que abriram mão da vida pública para escrever livros - e no caso de Harper Lee, o isolamento foi tamanho que ela até abandonou a literatura de vez. A lista incluí ainda Marcel Proust, J.D. Salinger, Thomas Pynchon e Cormac McCarthy.

Como diz o blog: "Na era em que a autopromoção é difundida em apenas 140 caracteres, a ideia de um autor recluso parece tanto contra-intuitiva e estranhamente romântica".

Inspirado por essa ideia resolvi descobrir quais são os nossos escritores mais reclusos, mais avessos à aparição em público, mais isolados da imprensa. Nas minhas rápidas pesquisas e até onde pude me lembrar, encontrei três renomados eremitas: Raduan Nassar, Dalton Trevisan e Rubem Fonseca. Curiosamente os três cursaram Direito, deixam claro que suas obras falam por si e são vistos apenas nas redondezas onde moram.

RADUAN NASSAR

Imagine que você é um escritor de sucesso, ganhador de importantes prêmios literários, uma verdadeira promessa da nova literatura brasileira. E de repente, no auge de sua carreira, você resolve abandonar tudo e parar de escrever. Foi mais ou menos isso o que aconteceu com Raduan Nassar. Até hoje muita gente não consegue compreender o que o levou a fazer isso. Nassar diz que para escrever é preciso ter paixão, vontade de dizer alguma coisa que seja verdadeiramente interessante. Para ele, essa sensação acabou.

Desde então, Nassar resolveu cuidar de sua criação de coelhos e raramente aparece ou fala sobre o assunto. A última entrevista que ele concedeu foi para a série Cadernos de Literatura do Instituto Moreira Salles, em 1996.

Num dos momentos dessa entrevista ele diz: "Nunca pensei em expor qualquer teoria a respeito do meu minguado trabalho, nem vejo sentido nisso. Ou esse trabalho fala por ele mesmo, sem o socorro de qualquer suporte teórico, ou deve ser descartado".

Raduan Nassar escreveu Lavoura arcaica, Um copo de cólera e Menina a caminho e outros textos (contos). Um detalhe: toda a obra dele foi escrita entre os anos 60/70.

DALTON TREVISAN

Eis o caso de um escritor que tem tanta fama de recluso que acabou virando um mito. Do tipo, personagem de si mesmo. Ganhou até o apelido de Vampiro de Curitiba - mas nem pense nesses vampiros modernos. Dalton Trevisan foi fotografado pouquíssimas vezes e concedeu raríssimas entrevistas. Pode parecer exagero, mas parece que sua última e única entrevista foi para o repórter Mussa José de Assis, do Estadão, em 1972. Além disso, saiu alguma coisa aqui e ali.

Para suprir essa lacuna, alguns jornalistas chegaram a inventar entrevistas fictícias com Trevisan falando do atual estado da literatura. Inclusive, algumas delas são hilariantes e até passariam por verdadeiras, não fosse a fama de ermitão que ele tem.

Ao contrário de Nassar, Dalton Trevisan continua escrevendo e sua obra é bastante extensa. Dizem que ele é visto passeando por Curitiba, de dia e à noite.

RUBEM FONSECA

Quem o conhece pessoalmente diz que ele é uma pessoa simples, afável e de ótimo humor. Aliás, Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, escreveu um texto delicioso em sua coluna no blog da editora falando sobre como a obra de Fonseca chegou até as suas mãos. Porém, os jornalistas e os leitores sabem que Rubem Fonseca não gosta de aparecer e nem de dar entrevistas.

Mas nem sempre foi assim. Parece que antes da famosa reclusão, Rubem Fonseca dava palestras e falava longamente sobre seus livros. De uma hora para outra ele cansou e resolveu sumir. No entanto, as histórias de luxúria e violência que povoam os seus contos e romances aguçam a curiosidade de muita gente. Novos escritores, estudantes, críticos, jornalistas e leitores querem ouvir o que ele tem a dizer sobre a sua literatura.

Recentemente, Fonseca fez uma rápida aparição na Livraria da Vila em São Paulo para o lançamento do livro de Paula Parisot. Na ocasião, ele até falou rapidamente com a imprensa e com o público que estava por lá. Fora isso, ele é visto no calçadão das praias cariocas, anonimamente.

Rubem Fonseca é dono de uma grande produção literária e continua escrevendo novos livros. Sua obra agora está sendo reeditada pela editora Leya aqui no Brasil.

* imagens: reprodução do Google.

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O BLOG, OU MELHOR, A BIBLIOTECA DA RAQUEL

A repórter do Estadão, Raquel Cozer, tem um blog bem legal chamado A biblioteca de Raquel. É sobre literatura, crítica literária e notícias do mundo editorial. Foi de lá que tirei esse vídeo com muppets falando sobre os livros digitais - o vídeo, por sua vez, veio de um outro blog bacana chamado Future Book. Como diz a Raquel nos post sobre o vídeo: "Todos os lados da discussão sobre o futuro dos livros em oito minutos. Pronto."


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sexta-feira, 23 de julho de 2010

ANDROID KARENINA LEVA TOLSTÓI AO MUNDO SCI-FI

Nem o centenário de morte de Liev Tolstói passará incolume a nova moda dos mashups literários. Tudo graças a editora americana Quirck que está lançando o livro Android Karenina, baseado em Anna Kariênina. A famosa obra do escritor russo ganha ares de ficção científica com direto a alienígenas, cientistas-terrostistas e muitos cyborgs, andróides e robôs. Anna Kariênina, a personagem principal do livro, terá de lutar muito para levar seu amor as últimas consequências.

Como sabemos, a obra de Tolstói é monumental e aborda importantes questões históricas da sociedade russa do final do século XIX. Dificilmente Ben H. Winters conseguiria superar a literatura realista que Tolstói levou anos para construir. Por isso, os fãs ortodoxos do escritor, devem encarar o livro como uma "brincadeira" ou uma singela homenagem. Quem sabe o livro desperte a curiosidade de novos leitores pela obra de Tolstói.

A Quirk Books é a mesma editora que publicou os sucessos Pride and prejudice and zombies, de Seth-Grahame Smith e Sense and Sensibility and sea monters, de Ben H. Winters, o mesmo autor de Android Karenina.

Aqui no Brasil, a editora Cosac Naify publicou uma nova edição de Anna Kariênina - a versão original do romance. Pode ser que tenhamos a sorte ler Android Karenina em português já que a editora Intrínseca publicou a tradução de Orgulho e Preconceito e Zumbis, da mesma editora - Quirk Books.

* imagem: divulgação.
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quinta-feira, 22 de julho de 2010

COMO LER DEPRESSA NA ERA DA INTERNET?

Patrick Kingsley, jornalista do Guardian, publicou um artigo bastante interessante sobre o fato de nós não termos mais concentração o suficiente para lermos textos até o final. As conclusões que o jornalista nos apresenta são baseadas numa série de estudos sobre o tema. Diz ele que se estamos lendo na versão impressa paramos na metade, se for online a coisa fica ainda pior. Não é à toa que o artigo chama-se A arte de ler devagar ("The art of slow reading") e tem uma extensão considerável.

Porém, está chegando na internet uma ferramenta que pretende acelerar a leitura e compreensão de um texto. Até agora vi dois sites que funcionam dessa maneira:

http://www.zapreader.com

http://www.spreeder.com

Basicamente o que você precisa fazer é copiar e colar um texto que você quer ler na caixa de dialogos do site. Depois é só escolher a velocidade e boa leitura. Não precisa instalar nada, funciona em todos os navegadores e é totalmente gratuito. Parece que conforme o uso você fica craque na leitura dinâmica e pode ler textos numa velocidade incrível.

Só tenho minhas dúvidas quanto a compreensão e a falsa impressão que o programa nos causa. Como as palavras passar rápido na tela parece que em dez segundos a gente já leu um daqueles livros enormes. E na verdade não passou de uma frase mínima.

Abaixo o vídeo de como funciona o zapreader:



*imagem: reprodução Google.
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SEIS NOVELAS DE JOHN STEINBECK



A editora Penguin dos Estados Unidos lançou uma edição de luxo com seis novelas escritas por John Steinbeck: Tortilla Flat, The Red Pony, Of Mice and Men, The Moon Is Down, Cannery Row e The Pearl. Tenho impressão que talvez Steinbeck não seja um autor muito lido por aqui, apesar de ser ganhador do prêmio Nobel de Literatura e ter muitos de seus livros adaptados para o cinema - parece que no total foram dezessete filmes.

Evidentemente, Steinbeck é mais conhecido por As vinhas da ira e A leste do Éden - duas obras-primas da literatura norte-americana. Porém, esse conjunto de novelas publicado recentemente revela um panorama sobre o estilo de um escritor que em meio as vanguardas literárias escreveu sobre as miseráveis classes trabalhadoras de maneira realista.

Mas estão enganados os que acham que a literatura de Steinbeck está presa a denúncia e observação social. Seus livros e suas personagem demonstram o homem em dimensões universais. Como está escrito na biografia do livro Ratos e homens (L&PM), a obra de Steinbeck nos mostra "a luta pela dignidade humana, a dificuldade das relações de afeto frente à crueldade do mundo e da vida, e a solidão, na sua acepção mais ampla e passível de ser compartilhada por todos os homens".

Na edição da Penguin, as três primeiras novelas são Steinbeck ainda jovem e contém os temas que ele iria desenvolver ao longo de sua obra. Além disso, Tortilla Flat, por exemplo, foi a novela que primeiro lhe deu fama e visibilidade. Já Ratos e homens (Of mice and man) foi publicada dois anos antes de As vinhas da ira. As outras novelas saem das mãos de um escritor já consagrado, ganhador do prêmio Pulitzer.

Dessas seis novelas, apenas duas tiveram tradução para o português: Ratos e homens (Of mice and man) com tradução de Ana Ban que foi lançada pela L± e A pérola (The pearl) com tradução de A. B. Pinheiro de Lemos que foi lançada pela editora Record. Vamos esperar que a edição da Penguin motive o nosso mercado editoral a publicar as novelas restantes.

The short novels of John Steinbeck
John Steinbeck
Penguin Classics Deluxe Edition

* imagens: divulgação e reprodução da Wikipedia.

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terça-feira, 20 de julho de 2010

CAIXAS COM MANUSCRITOS INÉDITOS DE FRANZ KAFKA

Disputas judiciais envolvendo familiares ou herdeiros de escritores renomados trazem verdadeiros prejuízos para leitores e editoras do mundo todo. E o que poderia ser um benefício para gerações de futuros leitores pode virar dor de cabeça para as editoras.

Essa semana o Guardian, um jornal inglês, publicou um artigo dizendo que quatro caixas que pertenceram a Max Brod podem conter manuscritos inéditos de Franz Kafka. Como se sabe, Kafka deixou toda a sua obra sob responsabilidade de Max Brod assim que morreu. A pedido do escritor, Brod deveria ter destruído todo o material. Felizmente o amigo ignorou o pedido e publicou alguns livros de Kafka que ficaram inacabados - verdadeiras obras-primas da literatura do século XX. Perseguido por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Max Brod fugiu para Israel levando consigo todos os manuscritos de Kafka. Lá, Brod teve um relacionamento com Esther Hoffe para quem deixou em testamento os diretos sobre a obra de Kafka. A atual disputa, segundo o jornal, envolve justamente as filhas de Esther Hoffe e o estado de Israel.

Aqui no Brasil a situação não é muito diferente. A revista Época publicou essa semana uma matéria chamada "Profissão: herdeiro" explicando as questões em que estão envolvidas a obras de Oswald de Andrade, Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos, entre outros.

A Folha de SP também publicou uma matéria na Ilustrada sobre o mesmo assunto. Porém, o foco era apenas na obra de Cecília Meireles. A matéria está disponível apenas para assinantes.

* imagem: reprodução do Guardian.


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ENCONTRO ESPECIAL NA FLIP 2010

Da coluna da Mônica Bergamo na Folha de SP de hoje:

Salman Rushdie e Fernando Henrique Cardoso vão se reunir na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, em agosto, para falar sobre Maquiavel. O encontro está sendo promovido pelo selo Penguin-Companhia das Letras.

A conversa será fechada - só a imprensa e convidados terão acesso. O evento será filmado e colocado no blog da editora.

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VOCÊ CONHECE RAYMOND CARVER?


Raymond Carver era um mestre na arte de fazer contos. Ele não só foi um dos maiores autores do gênero como chegou a dar aulas nas universidades americanas sobre isso. Entre tantas coisas ele dizia que as leituras de Ernest Hemingway e Anton Tchekhov foram decisivas para a sua formação como escritor. Se você pretende algum dia se tornar escritor, terá de ler obrigatoriamente Raymond Carver.

Nos contos de Carver a vida cotidiana do americano de classe média rendia farto material. Parece que suas personagens são sempre bêbados ou pessoas cujos relacionamentos foram frustrados. Todos eles são vítimas de uma classe consumista em busca de comida, algum conforto e uma televisão para assistirem. Porém, o que mais impressiona, é o fato de encontrarmos beleza em momentos tão simples, mesmo diante de situações sufocantes. Quando a realidade está asfixiando as suas personagens, algo acontece e por alguns instantes tudo pode mudar. Depois nada mais importa, a vida volta ao normal e segue adiante.

De Tchekhov, autor que influenciou muitas gerações de escritores, Carver incorporou tantas características que lhe renderam o apelido de Tchekhov americano. Os contos de Carver muitas vezes tem uma estrutura lacônica que não nos revelam muito sobre o aparecimento de uma determinada personagem. O narrador também não perde tempo explicando algum fato anterior ao que estamos lendo. Os enredos também são "abertos", ou seja, não vemos uma série de acontecimentos que desencadeiam um final surpreendente. Importa mais o que acontece no meio conto. Como em Tchekhov o realismo é fundamental - a realidade deve aparecer exatamente como ela é. Por isso as histórias de Carver tratam de um cotidiano aparentemente banal, mas repleto de melancolia e humor.

De Hemingway, que também sofreu influências de Tchekhov, Carver herdou a prosa que aparenta ser simples, mas é altamente sofisticada. O vocabulário é preciso, sem nenhum floreio; as frases são curtas; a sintaxe é modificada; a pontuação é suprimida em muitos momentos; e as sentenças que se associam umas as outras para criar uma sensação de totalidade daquilo que está sendo narrado. Além disso, Carver fazia uso de um procedimento narrativo que surgiu com Tchekhov, mas que foi levada a cabo por Hemingway: a omissão intencional de certas explicações do enredo chamada de "teoria do iceberg" - o mais importante não pode ser revelado pelo autor; e como num iceberg o que fica submerso (subentendido) ganha enorme força simbólica.

Além da influência dos dois escritores renomados, o gesto de cortar e reduzir os contos ao seu essencial foi fruto do aprendizado dele com John Gardner e Gordon Lish. A redução era tanta que logo Carver recebeu o rótulo de escritor minimalista - título que ele não gostava muito. Seu estilo está muito mais próximo do que os críticos chamaram de realismo sujo.

Infelizmente a obra de Carver é pouco divulgada no Brasil. Temos apenas uma edição de Fique quieta, por favor da editora Rocco que está esgotada e uma edição de Iniciantes publicada recentemente pela editora Companhia das Letras.

*imagem: reprodução do Google.

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domingo, 18 de julho de 2010

REDES SOCIAIS: UM CANAL DE DIÁLOGO ENTRE EDITOR E LEITOR


Outro dia falei sobre leitores usando redes sociais para "promover" livros. Citei um caso do Facebook e outro do Twitter, porém existem mais redes sociais que estão mobilizando o universo da literatura.

O site infoblogs criou uma geek list com dez sites para os fanáticos por livros. São sites que permitem aos usuários cadastrar livros que já leram, estão lendo ou pretendem ler; escrever resenhas sobre seus livros favoritos; pesquisar um autor sobre o qual desejam mais informações; criar uma comunidade para um determinado escritor; trocar livros com outros usuários; etc.

Há também o Estante Virtual e o Clube dos Autores. O primeiro é um portal que reúne diversos sebos do país inteiro e ajuda o usuário a encontrar um livro fora de catálogo ou edições raras e antigas para compra. Já o segundo funciona como uma editora virtual em que qualquer escritor pode publicar seu livro de forma independente - basta formatar o material, fazer o upload e aguardar que os leitores façam o pedido.

Essa semana também fiquei sabendo de um "hashtag" no Twitter chamado #dearpublisher. Esse "hashtag" surgiu pelas mãos de Jen Northington, uma vendedora de livros em Baltimore, Estados Unidos. Ela escrevia diversos tweets lamentando todas as falhas das editoras, sempre começando com as palavras "dear publisher". Por fim, o "hashtag" tornou-se muito popular entre os usuários do Twitter para reclamar, fazer pedidos, dar opiniões, etc.

Todos esses "movimentos" provam que as redes sociais precisam ser levadas a sério. E ao contrário do que muitos pensam, elas servem como um canal de interação direta entre o editor e o seu consumidor final. Volto a dizer que talvez ainda seja cedo para saber o faturamento das editoras que estão envolvidas nesse processo. Mas já é possível saber o prestígio que uma marca tem, quando ela faz uso dessas ferramentas.

*imagem: reprodução do Google.

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CONFERÊNCIAS DE WILLIAM FAULKNER NA INTERNET


Nos anos de 1957 e 1958, William Faulkner foi escritor-residente na Universidade da Virgínia, Estados Unidos. Durante esse período, ele fez diversas leituras, apresentou palestras e respondeu perguntas dos estudantes da Universidade. Algumas dessas palestras gravadas em fitas magnéticas foram recentemente digitalizadas e publicadas na internet. A Universidade também disponibilizou um farto material com imagens e textos explicativos sobre esse período em que o escritor esteve por lá.

Stephen Railton, professor da Universidade da Virgínia e um dos organizadores do material, disse em entrevista ao site NPR que nessas palestras o escritor "estava tentando fazer com que o seu trabalho e sua visão da condição humana fossem acessíveis a tantas pessoas quanto possível".

Como sabemos, William Faulkner é tido como um escritor de difícil compreensão por causa de seu estilo. Em seus romances, ele recorre a múltiplos narradores e faz uso constante do chamado fluxo de consciência - técnica narrativa que transcreve tudo o que se passa na mente de uma personagem, quebrando a linearidade do tempo e do espaço. Além disso, Faulkner escreve períodos muito longos repletos de intervenções e fragmentações. Tudo isso exige do leitor muita concentração para remontar a história a fim de compreendê-la.

No entanto, esse "hermetismo" não deve ser encarado como uma barreira. Há muitos contos e alguns romances que são bastante acessíveis e podem servir para um primeiro contato com sua vasta obra. A experiência de ler Faulkner é única justamente porque ele criou histórias fortes que tratam de temas humanos e bastante universais.

Não deixa de ser curioso ouvir as explicações de um dos maiores escritores do século XX - ganhador do Prêmio Nobel de Literatura e duas vezes ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção. Tomara que essas gravações sirvam para jogar nova luz sobre os seus livros.

*imagem: reprodução do site faulkner.lib.virginia.edu

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

TRÊS LIVROS DA LITERATURA ALEMÃ CONTEMPORÂNEA

Para dar início a seção "três livros..." selecionei livros da literatura alemã contemporânea que ganharam edição em português não faz muito tempo. Os três autores são nomes importantes para entender um pouco sobre a literatura que está sendo produzida no país nos últimos anos.

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DEPRESSÕES
Herta Müller
Editora Globo

Romance de estréia de Herta Müller, escritora romena radicada na Alemanha e ganhadora do Nobel de Literatura de 2009. O livro reúne uma série de contos que formam um conjunto sobre a vida cotidiana de uma jovem, sua família e os moradores de uma aldeia em Banat, no extremo da Romênia. A autora nos mostra um mundo repleto de raiva e desesperança em que as personagens vivem uma rotina sufocante e apenas esperam pela morte – de certa maneira o romance nos remete metaforicamente a ditadura de Nicolae Ceausescu.


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VIDAS NOVAS
Ingo Shulze
Cosac Naify

O romance, organizado em forma de cartas, brinca com as barreiras que separam a ficção e a realidade ao nos contar uma história que se passa em plena época de mudanças na Alemanha com a queda do Muro de Berlim. Schulze, o autor verdadeiro, transforma-se em personagem do livro – ele é um editor – para organizar a correspondência que um rapaz troca com a sua irmã, seu o amigo de infância e uma fotógrafa, todos moradores da Alemanha Ocidental. Nesse processo a mudança não ocorre apenas na história e no país, mas também nas personagens.

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OS EMIGRANTES - Quatro narrativas longas
W. G. Sebald
Companhia das Letras

Nesse livro, um narrador amalgama as histórias de quatro personagens diferentes que um dia passaram por sua vida: um ex-cirurgião, um professor, um antigo pajem de um jovem milionário e um pintor. As histórias, embora separadas, tem em comum a visão do narrador que revela as consequências da Segunda Guerra e do Holocausto em suas vidas. A obra mistura fatos reais e fictícios e resulta num esforço de W. G. Sebald em reconstruir a memória individual e coletiva de nossa época.


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domingo, 11 de julho de 2010

KHADJI-MURÁT - A VIDA DO GUERREIRO NAS MÃOS DE TOLSTÓI

*imagem: divulgação

Novela de Liev Tolstói ganha nova edição no Brasil.

Esse ano comemora-se o centenário de morte do escritor russo, Liev Tolstói. Ele é um dos maiores nomes da literatura russa ao lado de Dostoiévski, Gorki e Tchekhov. Para comemorar a data, a novela Khadji-Murát, com tradução e prefácio de Boris Schnaiderman, chega as livrarias em edição caprichada da editora Cosac Naify.

Anna Karenina e Guerra e paz são os livros mais famosos de Tolstói. Sobretudo porque são romances caudalosos em que acompanhamos a vida do povo russo em longos panoramas. Mas como diz Boris Schnaiderman no prefácio da edição, Tolstói tinha uma preocupação com a forma que essa novela teria. Por isso, diferentemente de seus livros mais conhecidos, Khadji-Murát é uma novela curta que se concentra nos momentos mais importantes do drama vivido pelo guerreiro do Cáucaso.

De maneira impressionante, Tolstói entrega Khadji-Murát a toda sorte de conflitos. Murát, a personagem principal, passa para o lado dos russos querendo se vingar de Chamil, seu inimigo. Mas os russos são inimigos dos tchetchenos e custam a acreditar em Murát. Com sua família refém de Chamil, Murát se vê preso a um destino que não pode mudar. Se retornar para Chamil será morto. Se ficar ao lado dos russos, sua família poderá morrer e logo ele terá o mesmo destino. A figura de Khadji-Murát fascina os moradores do Cáucaso ao mesmo tempo em que intriga os russos. De alguma maneira ele encarna diversos papéis: é um herói, um traidor, um guerreiro, um santo, uma figura mítica e um homem comum.

A história do guerreiro tchetcheno é escrita com grande precisão de detalhes por duas razões aparentemente: Liev Tolstói, ainda jovem, participou da guerra do Cáucaso quando serviu como oficial do exército russo; mais tarde, enquanto escrevia o livro fez uma grande pesquisa sobre a vida de Khadji-Murát e levou muito tempo para chegar a composição final.

A experiência adquirida na guerra e a maturidade do final da vida resultam em um livro bem produzido. Temos não só a história particular da guerra travada por Murát, mas também a denúncia de questões da sociedade russa vítima da tirania imposta pelo Czar.

Por essa razão, Khadji-Murát pode ser recomendada para um leitor que nunca teve qualquer contato com outro romance de Tolstói. O que não quer dizer que os antigos leitores do autor russo vão se decepcionar. Pelo contrário, essa novela é fundamental para entender o percurso vivido pelo escritor ao longo de sua obra.

Khadji-Murát
Liev Tolstói
Tradução: Boris Schnaiderman
Cosac Naify






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USANDO REDES SOCIAIS PARA VENDER LIVROS

Catherine McKenzie fez uma aposta: a cada três meses, mais ou menos, ela quer colocar dois livros na lista dos mais vendidos. Para isso, ela está criou um grupo no Facebook chamado I bet we can make these books best sellers ("Eu aposto que nós podemos colocar estes livros entre os mais vendidos", em tradução livre). Para começar, Catherine escolheu dois livros do mesmo autor: Two years, no rain e Jessica Z., de Shawn Klomparens. O grupo já soma 841 membros no Facebook e conta com um perfil no Good Reads - espécie de rede social de leitores.

A ideia surgiu depois que atriz Betty White foi parar no programa Saturday Night Live graças a uma comunidade de fãs no Facebook. Catherine acredita que o mesmo princípio pode funcionar na promoção e divulgação de livros.

Ninguém mais duvida da capacidade das redes sociais de se organizar em prol de um objetivo em comum. Mas isso não quer dizer que esses grupos tenham sucesso em todas as causas pelas quais lutam. A situação parece bem mais complicada quando se trata de livros. No Brasil, especificamente, temos problemas sérios na educação e o preço dos livros também é muito alto. Depois me parece difícil criar alguma influência em livros que não são considerados de fácil acesso as massas. Mas a ideia pode funcionar, basta lembrar do 1 book, 1 twitter - tem quase 8 mil seguidores lendo o mesmo livro.

Há um aspecto importante a fazer: nesse caso não há um empresa por trás da promoção/divulgação, apenas um grupo de pessoas com interesse comum. Portanto, não basta ter uma editora, entrar nas redes sociais e querer que seu livro seja um fenômeno de vendas. Um consumidor acredita muito mais em outro consumidor - como dizem os especialistas nessas novas mídias.

imagem: reprodução do site de Catherine McKenzie.

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sábado, 10 de julho de 2010

OS 50 ANOS DE O SOL É PARA TODOS

*imagem: reprodução do site do Guardian.

Infelizmente, quando a gente acordar amanhã o preconceito racial vai continuar existindo no mundo todo. Porém, olhando para trás a gente percebe que muita coisa mudou em relação ao assunto. Basta se lembrar que amanhã o livro O sol nasce para todos, de Haper Lee completa 50 anos desde a sua primeira publicação em 11 de Julho de 1960.

O romance conta a história de Tom Robinson, um homem negro injustamente acusado de ter estuprado uma garota branca numa cidade do Alabama, sul dos Estados Unidos. A história é narrada por Scout Fincher, filha de Atticus Fincher, advogado responsável por defender Tom nos tribunais. O mais importante no romance não é o julgamento do caso, mas o que acontece na cidadezinha em torno desse evento. De maneira bastante precisa, a narradora Scout revela o racismo, o desrespeito e a intolerância.

O sol é para todos ganhou o prêmio Pulitzer, virou filme ganhador de Oscar e tornou-se símbolo da luta pelos direitos civis nos anos 60. Harper Lee, amiga de infância de Truman Capote, nunca mais publicou nenhum romance. Tornou-se uma autora reclusa. Quase não concedeu mais entrevistas para a imprensa e nunca mais falou sobre o livro. Mesmo quando foi recentemente premiada com a "Medalha Presidencial da Liberdade dos Estados Unidos" - uma das maiores honras que um escritor pode receber em vida.

Depois de 50 anos, O sol é para todos ainda é um dos mais lidos e mais vendidos no mundo inteiro. Justamente porque o preconceito e a injustiça social ainda façam parte da nossa sociedade. Muita coisa mudou, temos melhores condições comparada com os anos 60. O aniversário do livro e as comemorações em torno da data talvez sirvam para nos alertar que ainda resta muito a fazer.

O sol é para todos
Harper Lee
Editora José Olympio

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terça-feira, 6 de julho de 2010

TATUAGEM LITERÁRIA COM A PENGUIN BOOKS

Livros serviriam de fonte de inspiração para tatuagens? A editora Penguin, dos Estados Unidos, resolveu apostar na ideia e criou uma nova coleção para comemorar os seus 75 anos. A coleção recebeu o nome de Penguin Ink. Seis títulos foram reeditados e tiveram suas capas desenhadas por famosos tatuadores americanos. São eles:

Money, de Martin Amis - ilustração de Bert Krak; Waiting for the Barbarians, de J. M. Coetzee - ilustração de C. C. Askew; The Bone People, de Keri Hulme - ilustração de Pepa Heller; The Broom of the System, de David Foster Wallace - ilustração de Duke Riley; Bridget Jones's Diary, de Helen Fielding - ilustração de Tara McPherson; From Russia with Love, de Ian Fleming - ilustração de Chris Garver.

Sem dúvida, a aproximação da literatura com as tatuagens já existe desde que essa prática começou a virar moda. Muita gente tatua no corpo títulos ou trechos inteiros dos livros que mais gosta. Há também os casos em que os desenhos tatuados foram inspirados em clássicos da literatura.

Parece que pela primeira vez, uma editora serviu-se do tema para criar uma coleção de livros. Com isso, a editora acaba causando certo fetiche por esses livros que são verdadeiras edições de colecionadores. Os leitores inveterados certamente compram essas edições por causa desse tratamento. Novos leitores também podem ser atraídos pela capa chamativa.

O editor da coleção em entrevista para o site Publishing Perspectives disse que "a ideia era baseada principalmente num conceito estético, e a brincadeira era juntar isso com títulos do nosso catálogo (...) esses livros se instalaram na cultura da mesma maneira que tatuagem moderna, por isso senti a coisa certa a fazer era emparelhar os tatuadores que nós gostamos com os livros contemporâneos do nosso catálogo".

Guardadas as devidas proporções da realidade editorial de cada país, a Penguin deve estar nos ensinando um caminho a ser seguido no mercado ameaçado pela chegada dos e-books. A receita não é nova, mas faz muito sentido.
*imagem reproduzida do site da editora.

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domingo, 4 de julho de 2010

A CORRESPONDÊNCIA DE JACK KEROUAC E ALLEN GINSBERG

Nós não escrevemos mais cartas para ninguém. Mas houve um tempo, não muito distante, em que as pessoas faziam isso. O que muitas delas não sabiam é que essas cartas poderiam virar verdadeiros tesouros. E se as pessoas em questão fossem Allen Ginsberg e Jack Kerouac? Pois bem, está chegando às livrarias dos Estados Unidos um livro com a correspondência desses dois mentores da geração beat: Jack Kerouac and Allen Ginsberg: The Letters. Bill Morgan, um dos editores do livro, concedeu uma entrevista para a revista Granta. Ele diz coisas bem interessantes sobre a personalidade de cada um dos escritores. Por exemplo, Kerouac ainda jovem treinava como um louco para ser escritor. Já Ginsberg salvava todas as suas cartas esperando que algum dia se tornasse famoso.

O livro deve ter histórias deliciosas a respeito dos dois. Acaba sendo também o retrato de uma geração que modificou a literatura americana do pós-guerra. Acho que muito se fala sobre os beatnicks mas pouca gente leu os livros realmente. Talvez a publicação dessa correspondência, por ter uma caráter pessoal, constribua para desmitificar essas duas figuras.

Leia um trecho das cartas de Jack Kerouac e Allen Ginsberg que está disponível no site da revista Granta.

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PROGRAMAÇÃO - FLIP 2010


Amanhã começa a venda de ingressos para a 8ª Festa Literária Internacional de Paraty, a nossa conhecida FLIP. A festa acontece entre 4 e 8 de Agosto prestando homenagem a Gilberto Freyre - um dos grandes pensadores da história do Brasil. A FLIP é um sucesso de público e a cada ano atraí mais gente para a cidade de Paraty. Se não me engano, no ano passado, o evento recebeu 20 mil pessoas. Apesar da extensa programação, o foco principal será a Tenda dos Autores que terá Lionel Shriver, Isabel Allende, Peter Burke, Robert Darnton, Salman Rushdie, Terry Eagleton, Robert Crumb, Lou Reed, entre outros.

Se você se animou é melhor correr. Os ingressos para as mesas costumam esgotar rapidamente. Além disso, quase não sobram vagas em pousadas e hotéis. A programação completa você encontra aqui.

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

OS AMERICANOS VÃO LER EUCLIDES DA CUNHA?

A editora Penguin, dos Estados Unidos, está publicando uma nova tradução do livro Os sertões, de Euclides da Cunha. Em inglês o livro recebeu o nome de Backlands - The Canudos Campaign. A tradução ficou a cargo de Elizabeth Lowe, professora e diretora do Centro de Estudos de Tradução, Cultura e Linguistica da Universidade de Illinois.

A editora também colocou em seu site o Penguin Classics on Air - com direito a entrevista da tradutora e de Ilan Stavans que escreveu a introdução do livro.

Para a imprensa internacional o Brasil passa por um bom momento político e econômico. Várias revistas e jornais estrangeiros estão com os olhos voltados para tudo o que se passa por aqui. Portanto, acho oportuno que essa publicação chegue ao mercado americano e ajude a esclarecer mais sobre a nossa história.

No ano passado a editora Atêlie Editorial lançou Os sertões em edição caprichada com cronologia, caderno iconográfico, notas explicativas e prefácio de Leopoldo Bernucci, professor da Universidade do Texas. Também é possível encontrar o texto completo desse livro na internet.
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