sábado, 31 de março de 2012

CADERNOS DE NÃO-FICÇÃO #4

O pessoal da Não Editora (Antônio Xerxenesky, Bruno Mattos, Samir Machado e Lu Thomé) acaba de lançar o quarto número dos Cadernos de Não-Ficção. Para quem ainda não conhece é bom saber que a revista é semestral e publica artigos diversos sobre literatura e dossiês temáticos. O tema central deste número é a "nova" (talvez nem tão nova, mas sempre surpreendentemente nova) literatura Argentina: Macedonio Fernández, Alan Pauls, Domingo F. Samiento e uma entrevista exclusiva com Ricardo Piglia. Tem também literatura brasileira com apontamentos sobre Os anões, de Verônica Stigger e outra entrevista exclusiva com Bernardo Carvalho. Tem muito mais coisas, inclusive as ilustrações de Luisa Hervé.

Para saber mais sobre basta fazer o download dos Cadernos ou acessar a versão folheável - todos estão disponíveis na íntegra.

*Imagem: reprodução da capa dos Cadernos #4.
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quinta-feira, 29 de março de 2012

CHUCK PALAHNIUK NA LEYA

Chuck Palahniuk deixou a editora Rocco e está de mudança para a Leya. Sua estreia na casa nova acontece em abril com uma reedição do cultuado livro, Clube da luta. A notícia deixou os fãs do escritor bastante entusiasmados, pois o romance estava esgotado há anos. Até em sebos era difícil encontrar um único exemplar. O site Estante Virtual, que reúne na internet sebos espalhados por todo o Brasil, tem apenas dois exemplares a venda: um custa R$ 150,00 e o outro R$ 250,00. Tanta procura e tão pouca oferta faz os preços subirem.

Você já deve conhecer a história do livro por causa do filme dirigido por David Fincher. Um funcionário de uma segurado de carros leva uma vida muito estressante e um belo dia ele começa a sofrer de insônia. Quando procura tratamento seu médico recomenda algumas visitas a um grupo de apoio a sobreviventes de câncer testicular. Como num passe de mágica a insônia acaba. O negócio a complicar quando num dos grupos de apoio ele encontra Tyler Durden, um sujeito ao mesmo tempo explosivo e carismático. Juntos eles criam um clube secreto em que vários homens se encontram para sair na mão - assim nasce o Clube da Luta. Até os fãs de UFC ficariam de cabelo em pé. Para acabar não parecer o "clube do bolinha", dar uma equilibrada em tanta testosterona (no clube, todos lutam sem camiseta e descalços) e nas doses cavalares de violência, Palahniuk colocou no meio do enredo uma garota esquisita chamada Marla Singer. Ela, o narrador anônimo e Tyler Durden formam um triângulo amoroso bem complicado (para não dizer: perturbado). Não vou contar mais detalhes para não estragar a surpresa de quem não leu o livro ou não viu o filme.

A intenção de Palahniuk me parece nítida: apontar a solidão humana, o isolamento das pessoas e a incapacidade de comunicação da sociedade pós-moderna apesar de toda aproximação promovida pela tecnologia. A violência vira válvula de escape para as pressões sociais (nas lutas todas as pessoas são iguais, fazem parte de um grupo e estão reunidas em torno de um interesse comum). Nesse universo imaginado pelo autor a violência nos torna mais humanos, reais e vivos. E como todo mundo está interessado nesse assuntos Palahniuk também discute o desajuste da masculinidade no mundo contemporânea.

O ativismo anarco-revolucinário também aparece no livro quando Tyler recruta membros do Clube da Luta para promover ações terroristas contra grandes empresas da sociedade moderna e consumista - a coisa toda recebe o nome de "Projeto Mayhem". Parece que algumas regras do grupo Anonymous são baseadas nas regras do Clube da Luta: "Primeira regra: você não fala sobre o clube da luta. Segunda regra: você não fala sobre o clube da luta" ou "Não faça perguntas. Não faça perguntas. Não se desculpe. Não minta".

A nova edição do Clube da Luta tem um posfácio inédito escrito pelo próprio Chuck Palahniuk. A Leya também planeja relançar por aqui Sobrevivente e o inédito Damned.

***

Sobre a capa dessa reedição existe uma história curiosa: a capa com o desenho que lembra uma tatuagem tinha sido aprovada pela editora, mas Palahniuk não gostou muito e pediu algo mais parecido com a linguagem original do cartaz do filme. O pedido foi atendido e o livro chega às livrarias com a capa do sabonete. Quem conta a história é o pessoal do Gabinete das Artes (que fez a capa).


Para a Folha de SP a história é outra: os fãs do livro não teriam gostado da capa da tatuagem e depois das inúmeras criticas na redes sociais a editora optou pela mudança.

***

Para finalizar uma história maluca: na semana passada Palahniuk estava sentado em seu carro estacionado quando viu um semi trailer vindo em sua direção. Ele conseguiu escapar do acidente que poderia ter sido fatal, mas seu carro foi totalmente destruído. Ele está bem e se recuperando do susto.

*Imagem: divulgação.
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sexta-feira, 23 de março de 2012

MAD MEN: LIVROS E REFERÊNCIAS LITERÁRIAS

Hoje no mundo é assim: há tantos filmes, novelas, programas e séries de TV para assistir quanto livros para ler. Portanto, acho que não vai parecer nenhum pecado se eu disser que assisti somente dois ou três episódios da série Mad Men (não perguntem a temporada porque não sei responder - descobri por esses dias que a quinta temporada estréia domingo nos Estados Unidos, para provar como ando por fora dessa cronologia).

Desculpem se estou decepcionando os fãs da série que podem ter pensando que eu não perdia um capítulo depois do meu texto sobre as capas vintage de Richard Yates com gostinho de Mad Men. Não acompanho os episódios (capítulos) mais de perto por falta de tempo. Prometo que vou repensar tudo depois do que vou falar agora.

É que a série fez tanto sucesso que criou uma onda de livros com temas dos anos 50. Tem livros de culinária, bebida, ilustração, filosofia, moda, ensaios críticos, calendários, propaganda e até guia de ruas e estilo. Para não falar em toda enxurrada de outros produtos. Bem às vésperas da estréia da quinta temporada descobri um blog ligado a Biblioteca Pública de Nova York que mapeia os livros ou referências literárias da série. Acredite! Todo mundo ali lê bastante. Mesmo quando não estão com um livro nas mãos, as personagens falam sobre livros que estão lendo ou os roteiristas encaixam alguma citação (tem John Cheever, Balzac, Mark Twain, Agatha Christie, Jack Kerouac etc). Pelas imagens que consegui ver na internet, a direção de arte tem o maior cuidado ao usa as edições daquela época - todas com cara de nova.

Se você é fã da série pode procurar no Twitter pelo hashtag #MadMen #Reading para descobrir mais coisas. Abaixo tem uma lista dos livros que foram mencionados no blog - vou colocar o título em português quando o livro já tiver tradução; não estou mencionando os livros de não-ficção:

O espião que saiu do frio, de John Le Carré
As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain
As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain
The Clue of the Black Keys, de Carolyn Keene
The Twenty-One Balloons, de William Pène DuBois
O crisântemo e a espada, de Ruth Benedict
O grupo, de Mary McCarthy
Confissões de um publicitário, de David Ogilvy
O som e a fúria, de William Faulkner
A nau dos insensatos, de Katherine Ann Porter
O diamante do tamanho do Ritz e outros contos, de F. Scott Fitzgerald
Marjorie Morningstar, de Herman Wouk
Agonia e êxtase, de Irving Stone
Meditations in an Emergency, de Frank O’Hara
A revolta de Atlas, de Ayn Rand
O melhor de tudo, de Rona Jaffe
Exodus, de Leon Uris
O amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence
Moby Dick, de Herman Melville

ATUALIZAÇÃO: lembrei de um tumblr que faz o levantamento de referência literárias dos Simpsons - mais especificamente da Lisa Simpson.

*Imagem: reprodução.
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REVISTA ARTE E LETRA: ESTÓRIAS P

Nessa semana está chegando às livrarias a edição "P" da Arte & Letra: Estórias - revista mensal de Curitiba que publica traduções e ficção inédita de autores renomados. Matemática não é o meu forte, por isso me corrijam se eu estiver errado: pelas minhas contas a revista tem apenas dois anos e melhora a cada nova edição. Melhor ainda é saber que os editores não privilegiam textos muito populares e arriscam publicando textos que merecem uma nova atenção - não chega a ser a ficção "lado b" dos escritores, mas bem que poderia ser. Aproveitando que as obras de James Joyce e Virgínia Woolf entraram em domínio público, a edição tem os contos Uma pequena nuvem, de Joyce (tradução de Adriano Scandolara) e Craftmanship, de Woolf (tradução de Gustavo Delaqua). Curiosamente, tanto um quanto o outro nasceram em 1882 e estariam completando 130 anos nesse ano. Outro destaque é Tarde da noite, da escritora espanhola Rosa Monteiro (tradução de Iara Tizzot) e A múmia egípcia, do russo Mikhail Bulgákov (tradução de Gabriela Soares).

Tem também Edward McPherson, Evgueni Zamiatin, Giovanna Rivero, Hanif Kureishi, Hjalmar Soderberg, Louis Pergaud, Luana Azzolin, Muriel Spark e Paulo Venturelli.

Arte e Letra: Estórias P
Preço: R$ 20,50

*Imagem: divulgação.
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terça-feira, 20 de março de 2012

RICHARD YATES COM GOSTINHO DE MAD MEN

As capas do selo Vintage Books são sempre muito caprichadas. Não estou me referindo a elaborações muito exageradas, mas ideias simples. Eles conseguem colocar em prática aquela máxima que diz "menos é mais". De bobeira pela internet me deparei com essa coleção chamada Vintage Yates - totalmente dedicada a obra de Richard Yates. A coleção não é nova (os livros foram publicados em 2008) e me lembrou o sucesso da série de TV Mad Men, esteticamente falando.

Embora tenha nascido nos anos 20, sua grande estréia como escritor foi em 1961 com a publicação do romance Foi apenas um sonho que conta a história de um jovem casal impregnado pela vida do subúrbio americano dos anos 50. Munido pela ideia de mostrar o "american way of life" aparentemente feliz, mas essencialmente infeliz as capas ganharam elementos da publicidade daqueles anos. Não descobri o autor do projeto gráfico. Sei que as imagens são do site Advertising Archives.



Obs.: em 1961, Foi apenas um sonho foi indicado ao National Book Award e perdeu para The Moviegoer, de Walker Percy - injustamente como todo mundo comenta. Por aqui, a obra de Yates está sendo publicada pela Alfaguara. Já saíram Foi apenas um sonho, O desfile de Páscoa e Uma providência especial.

*Imagens: reprodução do site da Vintage.
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domingo, 18 de março de 2012

FLIP 2012 ATÉ AGORA...


Faltam pouco mais de três meses para o início da décima edição da FLIP e até agora temos 14 nomes confirmados - ou seja, estamos chegando a metade da programação oficial considerando a média de 30 convidados por ano. Na mesa de abertura teremos Silviano Santiago falando sobre Carlos Drummond de Andrade - o poeta mineiro que será o grande homenageado.

Por causa dos dez anos da FLIP, a organização está convidando escritores que já estiveram em edições passadas. Com isso voltam Ian McEwan (veio em 2004), Enrique Vila-Matas (veio em 2005 e também esteve por aqui ano passado no Congresso da revista CULT) e o gaúcho Luis Fernando Veríssimo (segundo informação do jornal O Globo ele esteve na FLIP em 2003, 2004, 2005 e 2008).

Se a FLIP pretende chamar um grande nome de cada edição passada quero fazer uma sugestão: poderíamos ter a escritora Toni Morrison, de 2006 (ela vai lançar novo romance nesse ano); César Aira, de 2007 - já que J.M. Coetzee não vem; e Michel Laub, de 2008 (autor de um dos melhores romances do ano passado).

Vem pela primeira vez o espanhol Javier Cercas, a cubana Zoé Valdés, os norte-americanos Jennifer Egan, Jonathan Franzen e Teju Cole (apesar de ter nascido nos Estados Unidos foi criado na Nigéria), o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio e o poeta sírio - e sempre candidato ao Prêmio Nobel - Adonis. Da parte dos críticos vem Richard Sennett, Stephen Jay Greenblatt e James Shapiro, os dois últimos são especialistas em Shakespeare. Na semana passada, a Companhia das Letras confirmou a participação do português José Luis Peixoto na programação paralela da Festa.

Nos últimos dez anos, o crescimento em todo o Brasil das feiras literárias, congressos, eventos e lançamentos com a participação de escritores diluíram um pouco o impacto da programação da FLIP na opinião pública. Isso não quer dizer que a Festa esteja se tornando irrelevante. Pelo contrário, a FLIP ajudou a construir o nosso "mercado" de eventos literários de grande porte (pelo que me lembro, antes a gente só tinha a Bienal do Livro) e continua sendo a maior do setor. Somente um evento de prestígio internacional como a FLIP pode trazer alguns medalhões da literatura mundial como o poeta Adonis e o escritor Jonathan Franzen, para citar dois convidados desse ano. Não é aleatória a escolha da revista Granta de anunciar seu número especial com os melhores jovens escritores brasileiros durante a Festa. Também não podemos desprezar a enorme movimentação nas vendas de livros. Um escritor convidado para a FLIP certamente vende muito bem - ainda mais quando sua participação comove a platéia.

Lembro de ter lido em algum lugar que os organizadores da FLIP, Liz Calder e Mauro Munhoz, tem planos de expandi-la para Campinas, Porto Feliz e até para a Inglaterra. O que lembra muito Hay Festival, evento que inspirou a FLIP e tem ramificações em várias partes do mundo. Enquanto a expansão não acontece alguns autores convidados ficam no Brasil e participam de lançamentos ou palestras em São Paulo e no Rio.

Mais nomes internacionais devem aparecer em breve. Os nomes nacionais costumam ser anunciados por último. Espero que eles apareçam aos montes. Vamos cruzar os dedos.

*Imagem: reprodução do Flickr da FLIP.

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quinta-feira, 15 de março de 2012

KYUNG-SOOK SHIN GANHA O MAN ASIAN LITERARY PRIZE

A escritora sul-coreana Kyung-Sook Shin foi a ganhadora do The Man Asian Literary Prize pelo livro Por favor, cuide da mamãe (recém-lançado em português pela Intrínseca com tradução de Flávia Rössler). Ela desbancou o favoritismo de 1Q84, de Haruki Murakami e se torna a primeira mulher e primeira sul-coreana a ganhar o prêmio. O anúncio foi feito ontem num jantar em Hong Kong.

De acordo com o release: Por favor, cuide da mamãe é uma história comovente de uma família em busca da mãe, que desaparece uma tarde em meio às multidões do metrô em Seul. O livro oferece ao leitor uma visão contemporânea sobre a vida em família na Coréia do Sul e já vendeu sozinho cerca de 2 milhões de cópias naquele país - que tem uma população de pouco menos de 50 milhões de habitantes.

Atualização: a Maria Fernanda Rodrigues, do Estadão, deu um furo de reportagem com uma notícia bacana. Kyung-Sook Shin vem ao Brasil em abril para participar da Bienal Brasil do Livro, em Brasília. A Ásia fica do outro lado do mundo, a gente nunca pensa que um livro publicado naquela região tenha muitas chances de ganhar tradução em português. Ganhar um prêmio como esse coloca o livro em evidência e deixa a gente mais próximo dele. Só que nesse caso a gente pode não só ler o livro ganhador, mas também vamos ver a autora de perto. Tudo num curto espaço de tempo.

*Imagens: Intrínseca/divulgação.

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quarta-feira, 14 de março de 2012

DOCUMENTÁRIO E FICÇÃO: É TUDO VERDADE!

Na semana que vem começa o festival É Tudo Verdade dedicado ao cinema documentário. Daí você pode estar se perguntando: o que isso tem haver com prosa de ficção? Muita coisa. Ou melhor, três coisas: um documentário sobre Macedonio Fernández, outro sobre Jean-Claude Carrière e outro sobre Carolyn Cassady - a mulher de Neal Cassady e amante do escritor Jack Kerouac.

Macedonio Fernández é um documentário lançado em 1995 e dirigido pelo argentino Andrés Di Tella (diretor que ganhará uma retrospectiva no festival). O grande escritor Ricardo Piglia passeia por Buenos Aires para reconstruir a figura mítica de Macedonio Fernández - autor que continua exercendo até os dias atuais uma grande influência na literatura argentina. Não soa exagerada a afirmação de que para entendermos Jorge Luis Borges e Júlio Cortázar precisamos ler Macedonio Fernández. Recentemente a Cosac Naify publicou Museu do romance da eterna, livro inédito no Brasil com tradução de Gênese Andrade. Leitura altamente recomendada para quem deseja se aventurar no universo desse escritor.


O escritor e roteirista Jean-Claude Carrière também vira tema do documentário Carrière 250 Metros, dirigido por Juan Carlos Rulfo (filho do escritor Juan Rulfo). No filme Carrière refaz o percurso de sua vida pessoal que o leva a uma viagem em busca do diretor de teatro Peter Brook, o cineasta Milos Forman e o garçom de um hotel mexicano em que se hospedou com Luis Buñuel.


Para encerrar com chave de ouro os filmes ligados a prosa de ficção, o festival apresenta o documentário Com Amor, Carolyn, dirigido por Maria Ramstrom e Malin Korkeasalo. Jack Kerouac eternizou Neal Cassady, o muso inspirador de toda a geração Beat, na lendária personagem de Dean Moriarty. Entre o mito e a realidade estava Carolyn Cassady, a mulher que conviveu de perto com vários ícones fundamentais daquele movimento. Tudo o que ela tem para contar está bem distante da história que aparece em On the road - pé na estrada (lançado pela LPM com tradução de Eduardo Bueno). O documentário serve de aquecimento para o filme On the road, dirigido por Walter Salles com previsão de estréia em junho.

Vale a pena ver o trailer do documentário Com Amor, Carolyn com imagens incríveis de Neal Cassady dançando alucinado. Na semana passada também começou a circular na internet o trailer do filme On the road.

O festival É Tudo Verdade rola em São Paulo e Rio de Janeiro entre os dias 22 de março a 01 de abril. Em Brasília, de 10 a 15 de abril. Em Belo Horizonte, em maio. Detalhe: todas as sessões são gratuitas.

P.S.: não posso deixar de mencionar que também haverá exibição do vídeo Consideração do Poema, de Gustavo Rosa de Moura, Eucanaã Ferraz e Flávio Rosa de Moura que foi feito em comemoração do Dia D, dedicado a obra poética de Carlos Drummond de Andrade. Naquela época o vídeo circulou na internet, no youtube etc.

***

ATUALIZAÇÃO: se você ficou bastante interessado em assistir um desses documentários fique atento para os dias e horários de exibição. Por enquanto, só temos informações de São Paulo e do Rio de Janeiro. Logo mais deve sair as datas da itinerância programada para Belo Horizonte e Brasília. Não custa lembrar que a programação está sujeita a alterações.

Com Amor, Carolyn
Dir. Maria Ramstrom e Malin Korkeasalo

São Paulo
Dia 30/03 - Cinesesc, 17h
Dia 31/03 - CCBB, 19h

Rio de Janeiro
Dia 28/03 - CCBB, 10:30h
Dia 30/03 - CCBB, 18:30h

Macedonio Fernández
Dir. Andrés di Tella

São Paulo
Dia 23/03 - CCBB, 17h
Dia 28/03 - CCBB, 11h

Rio de Janeiro
Dia 29/03 - CCBB, 14:30h
Dia 01/04 - CCBB, 10:30h

Carrière 250 Metros
Dir. Juan Carlos Rulfo

São Paulo
Dia 24/03 - Cinemateca, 16h
Dia 01/04 - Cinesesc, 15h

Rio de Janeiro
Dia 26/03 - Espaço Itaú de Cinema Botafogo, 17h
Dia 01/04 - Oi Futuro Ipanema, 20h

Consideração do Poema
Dir. Gustavo Rosa de Moura, Eucanaã Ferraz e Flávio Rosa de Moura

São Paulo
Dia 28/03 - Cinesesc, 19h
Dia 30/03 - MIS, 14h

Rio de Janeiro
Dia 29/03 - Espaço Itaú de Cinema Botafogo, 19h
Dia 01/04 - Instituto Moreira Salles, 18h

*Imagens: divulgação Cosac Naify / reprodução internet e divulgação do filme.

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segunda-feira, 12 de março de 2012

REVISTA SERROTE #10

A Serrote, revista de ensaios do IMS, chega às livrarias nessa semana com sua décima edição. O número vem caprichado pelo ensaio visual Ficção nas coisas, de Waltercio Caldas e acompanha um caderno do Alfabeto Serrote totalmente dedicado a letra "D". No que diz respeito a prosa de ficção tem uma lista de privilégios escrita por Stendhal, um ensaio do crítico norte-americano Lee Siegel sobre o escritor John Updike (nesse mês ele completaria 80 anos, se estivesse vivo), uma entrevista de Pier Paolo Pasolini com o poeta Ezra Pound, um ensaio do crítico catalão Eloy Fernández Porta sobre as complexas relações entre arte e literatura e a cultura de massa, e um trecho de Isto não é um romance, de David Markson - ficção experimental inédita em português.

Completam a edição: o ensaio vencedor do Prêmio Serrote de ensaismo assinado por Luciano Gatti sobre o escritor alemão W.G. Sebald. Aliás, os três ensaios vencedores do prêmio estão disponíveis para leitura aqui. Sebald também aparece na Serrote #10 com um projeto chamado Não-contado sobre o artista Jan Peter Tripp.

O lançamento da revista será amanhã no IMS-RJ às 20h. Haverá um bate-papo entre o crítico de arte Luiz Camillo Osório e Waltercio Caldas.

*Imagem: reprodução.
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sábado, 10 de março de 2012

A LITERATURA COMO JOGO OU O JOGO DA LITERATURA




Lamento informar, mas o jogo que aparece no vídeo acima não existe. O site UCBComedy fez uma paródia de humor ácido com um jogo de tabuleiro chamado Pictionary em que grupos de jogadores tentam identificar palavras específicas a partir de desenhos feitos por seus colegas. No Brasil, o equivalente mais próximo desse jogo talvez seja o Imagem&Ação (me corrijam se eu estiver errado, por favor). No vídeo, a coisa ficou engraçada porque os jogadores tem de adivinhar palavras retiradas de livros de Cormac McCarthy, A estrada e Meridiano de sangue. Quem está mais familiarizado com o universo do autor sabe que qualquer sentença desses dois livros está recheada de imagens fortes, sombrias e macabras – notem que estou usando um certo eufemismo. Para termos uma ideia o jogo imaginário do vídeo vem acompanhado de uma ampulheta com areia negra e lápis feitos a partir de ossos de cavalos mortos. Reparem na jogadora tentando desenhar cadáveres e imaginem a si mesmos adivinhando do que se trata. É ou não é apocalíptico?



Deixando de lado a brincadeira fiquei pensando nos desdobramentos que a ficção está ganhando ultimamente. Cada vez mais aparecem notícias sobre obras virando jogos de tabuleiro e ganhando versões para videogames, sem mencionar as infinitas adaptações para o cinema, séries e especiais de TV etc. É como se a literatura estivesse adentrando o universo do entretenimento contemporâneo e virando um bem de consumo da indústria cultural. O fenômeno deve ser visto de forma positiva, afinal que mal pode haver nessa aproximação? Evidentemente, a obra de ficção sofre certos achatamentos na transposição para o novo meio. Infelizmente não existe outro jeito já que cada meio tem sua linguagem específica. Não dá para transformar a complexidade de alguém como o juiz Holden num jogo qualquer, por exemplo. No entanto, acredito que um adolescente pode criar interesse por Geoffrey Chaucer depois de jogar The Road to Canterbury; da mesma forma que qualquer pessoa pode ler Carta a uma senhorita em Paris, de Julio Cortázar depois de ter contato com Rabbits for my closet.


Um pouco dessa atmosfera permeou o #Casmurros_3 (terceira edição do fanzine com o tema videogame). Lá estão a versão 8 bits de O grande Gatsby, o aplicativo de Orgulho preconceito e zumbis, o game com gráficos alucinantes de Dante's inferno, as muitas versões de jogos para a obra de Jorge Amado e um texto divertido de António Xerxenesky imaginando clássicos da literatura como videogame. Curiosamente, também tem um texto de G. Christopher Williams sobre Cormac McCarthy e a dinâmica dos jogos eletrônicos.

Embora os desdobramentos da ficção sejam um campo repleto de oportunidades, a ideia por trás do fanzine também era mostrar como a literatura explora o conceito de jogo desde a "invenção" do romance no século XVIII. Por jogo estou me referindo as obras de ficção que trabalham com a forma a fim de acionar a astúcia do leitor diante do livro. Pense, por exemplo, nos romances escritos em mise en abyme (narrativas que contém outras narrativas dentro de si), nas brincadeiras com a linguagem típicas da OuLiPo e do noveau roman, no quebra-cabeça do enredo (saltando capítulos, indo e voltando no tempo), na ruptura da fronteira entre quem lê e quem narra etc. Tudo isso convida o leitor a participar da narrativa construindo o sentido do texto.

Na minha pesquisa sobre o assunto descobri que diversos estudiosos apontam A vida e as opiniões do cavalheiro Tristam Shandy, de Laurence Sterne como um livro pioneiro na "tradição" do jogo literatura. O narrador desse romance abusa das digressões criando uma espécie de enredo que nunca termina. Um novo assunto surge toda vez que pensamos que ele vai concluir algum acontecimento para finalmente acompanharmos uma história até seu final. Há também as muitas interferências gráficas (desenhos de cruz, círculos etc), as páginas em branco e as páginas com emblema bem no meio do livro.

Outros exemplos de jogo literário aparecem nos livros Dans le labyrinthe, de Alain Robbe-Grillet; Fogo pálido, de Vladimir Nabokov e finalmente na experiência seminal de O jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar. Não posso deixar de mencionar também O castelo de destinos cruzado, Se um viajante numa noite de inverno... e tantos outros romances escritos por Ítalo Calvino.

Acho que ainda estamos por descobrir esse jogo literário em The atrocity exhibition, de JG Ballard; At Swim-Two-Birds, de Flann O'Brien (cujo o trecho inicial ganhou tradução no mesmo número do fanzine) e nos livros do escritor sérvio Milorad Pavic – que faleceu recentemente. Nenhum desses ainda foi publicado em português apesar de serem livros importantes na literatura contemporânea (ou pós-moderna, se você preferir).

Dificilmente esses livros vão ganhar versão em jogos de tabuleiro ou videogame. Resta ao leitor desafiar a si mesmo e encarar a iniciativa de decifrar o desafio, montar o quebra-cabeças e ganhar o jogo. Alguém se lembra de mais algum livro desse tipo?

*Imagens/Video: reprodução.

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sexta-feira, 2 de março de 2012

JORGE AMADO EM ALEMÃO

Pelo jeito as comemorações em torno do centenário de nascimento do escritor baiano Jorge Amado vão continuar até a Feira do Livro de Frankfurt, em 2013 - quando o Brasil será o país convidado de honra. Mais do que merecido. A notícia vem da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de SP.
AMADO EM ALEMÃO

A editora alemã Fischer Verlag vai traduzir e relançar títulos de Jorge Amado na Feira do Livro de Frankfurt, em 2013. "Tenda dos Milagres", "Mar Morto", "Capitães da Areia", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água" serão apresentados no evento, que homenageará o Brasil, com patrocínio do Ministério da Cultura.
*Imagem: reprodução de um retrato de Jorge Amado/Site da Companhia das Letras.
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