segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TEMPORADA DE PRÊMIOS


Nessa segunda-feira chuvosa (o verão está chegando mas o tempo na cidade de SP está nublado, chuvoso e meio frio) aconteceu a entrega do Prêmio SP de Literatura 2013 para um autor veterano e dois autores estreantes - com mais de 40 e menos de 40 anos. Entre os concorrentes tinha um monte de gente interessante e aposto que você já tinha os seus favoritos.


Pois bem, acabam de anunciar que o ganhador na categoria veterano foi Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera. Na categoria estreante, os vencedores foram Desnorteio, de Paula Fábrio e Antiterapias, de Jacques Fux.


Com isso, Daniel Galera fecha com chave de ouro a trajetória do romance nesse ano: mesa na FLIP, presença em Frankfurt, participação na Copa de Literatura Brasileira e vários países interessados em publicar e traduzir seu livro. Agora só falta ganhar o Prêmio Portugal Telecom.


Outra coisa bacana desse prêmio é lançar luz sobre autores estreantes. Tenho certeza que mais gente vai procurar os livros da Paula Fábrio e do Jacques Fux.



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Vou aproveitar o anuncio do Prêmio SP de Literatura para repassar outros prêmios literários que já foram entregues ou ainda serão entregues e não comentei antes por falta de tempo. Vem comigo que no caminho eu explico.


NOBEL
Você pode até achar que o Nobel de Literatura tem gosto de peru de natal, mas a verdade é que desde 1901 o mundo inteiro aguarda com muita ansiedade pelo momento em que os membros da academia sueca abrem uma porta e anunciam o nome do vencedor. Nesse ano, o Nobel foi para as mãos da escritora canadense Alice Munro, de 82 anos. É a primeira vez que um autor dedicado somente ao conto - gênero de forma curta - é agraciado. A escritora já tem três livros publicados no Brasil pela Cia das Letras: O amor de uma boa mulher, Felicidade demais e Fugitiva. Até o final do ano devem chegar as livrarias Vida querida, pela Cia das Letras e uma reedição de Ódio, amizade, namoro, amor e casamento, pelo selo Biblioteca Azul - da Globo Livros. No ano que vem, a Globo Livros promete publicar Selected stories, Fugitiva e The View of Castle Rock.


No ano passado, Munro disse que iria encerrar a carreira para se dedicar a família, mas numa recente entrevista ao The Wall Street Journal ela admitiu que continua tendo ideias para novas histórias - deixando aberta a possibilidade de voltar a publicar.


MAN BOOKER PRIZE
O famoso prêmio inglês foi para as mãos da neozelandesa Eleanor Catton com o livro The Luminaries. Com apenas 28 anos e 50 mil livras mais rica, ela se tornou a autora mais jovem a receber o prêmio e a autora do livro premiado mais longo de todos os tempos - a edição inglesa tem 832 páginas. Dizem que o prêmio já era esperado, pois nos bastidores todo mundo garante que Eleanor era a favorita desde o anúncio da primeira lista de selecionados.


Se você ficou interessado pelo livro deve saber que The luminaries já tem editora no Brasil e sairá em 2014 pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros.


GONCOURT
Enquanto os prêmios literários ao redor do mundo costumam pagar altas somas para os vencedores, o Prix Goncourt para apenas €10. O valor é simbólico e o autor ganhador compensa o valor magro do prêmio com o número expressivo de vendas após o anúncio - sem contar com o interesse de editoras do mundo inteiro em comprar os direitos de publicação do livro. Na edição desse ano quase houve um empate entre um veterano e um estreante. Foram 6 votos contra 4. Quem levou a melhor foi Pierre Lemaître, o veterano, com o romance Au Revoir Là-haut (ele é inédito no Brasil, mas bem conhecido na França e teve um livro publicado em inglês). Curiosamente, tanto o livro do veterano quanto o do estreante (Arden, de Fréderic Verger) falam sobre guerra.


AINDA NA FRANÇA: MÉDICIS, RENAUDOT E ZORBA
Outros dois prêmios literários importantes da França também divulgaram seus vencedores - ambos apareceram nas listas de selecionados do Goncourt (será que os prêmios tem sempre os mesmos finalistas?). O Prix Renaudot foi para Yann Moix com Naissance (o livro tem 1152 páginas e dizem que segue um estilo Laurence Sterne graças a ironia perversa, hilária e grotesca) e o Prix Médicis foi para Marie Darieussecq com Il faut beaucoup aimer les hommes - pelo que apurei é um livro sobre uma história de amor que lida com a impossibilidade de contar uma história de amor no mundo de hoje.


Já o Prix du Zorba (o nome vem do bar onde acontece a premiação) foi criado no ano passado e pretende ser uma espécie de "anti-Goncourt". O júri conta com escritores, jornalistas e djs e quer premiar o livro mais excitante do ano. O ganhador foi Une vie pornographique, de Mathieu Lindon. Levou para casa €500 (bem mais do que o Goncourt). O livro trata de uma personagem víciada em heroína que tenta se recuperar.


JOSÉ SARAMAGO
Dessa vez o prêmio foi para as mãos do angolano Ondjaki com o livro Os transparentes - acabou de sair pela Companhia das Letras. Entre os membros do júri estava a académica Nelida Piñon.


CUNHAMBEBE
O Prêmio Cunhambebe, dedicado aos melhores livros de ficção estrangeira publicada no Brasil e organizado pelo agente literário Stéphane Chao, divulgou seus finalistas: A trama do casamento, de Jeffrey Eugenides; O dia em que a poesia derrotou um ditador, de Antonio Skármeta; O mapa e o território, de Michel Houellebecq; Festa no covil, de Juan Pablo Villalobos; Os enamoramentos, de Javier Marias; HHhH, de Laurent Binet; Fora do tempo, de David Grossman; Rostos na multidão, de Valeria Luiselli; Sunset Park, de Paul Auster; A primeira pessoa, de Ali Smith e Serena, de Ian McEwan. O vencedor será anunciado em 9 de dezembro.


BAD SEX IN FICTION
Nenhum tema tem sido tão relevante para a literatura contemporânea quanto o sexo. Basta um passeio pelas livrarias da sua cidade para ver estantes inteiras dedicadas ao gênero "pornografia (com direito a doses homeopáticas de sadomasoquismo) para mulheres". No entanto, o Bad Sex in Fiction não dá a mínima para E.L. James, Sasha Grey, Sylvia Day e compania. Os organizadores querem premiar e desencorajar as piores cenas sexuais publicadas em livros de ficção sem foco específico em pornografia ou literatura expressamente erótica.


Os finalistas são: My Education, de Susan Choi; The Last Banquet, de Jonathan Grimwood; House of Earth, de Woody Guthrie; Motherland, de William Nicholson; The Victoria System, de Eric Reinhardt; The World Was All Before Them, de Matthew Reynolds; The City of Devi, de Manil Suri e Secrecy, de Rupert Thomson.


Os escritores são praticamente desconhecidos no Brasil. Talvez dois ou três tenham um livro publicado por aqui e dificilmente chegaram até as nossas estantes em português. Tudo vai depender da repercussão do prêmio e da trajetória de sucesso do livro. O vencedor será conhecido em 3 de dezembro.


NATIONAL BOOK AWARD
Nenhum veterano foi páreo para The Good Lord Bird, de James McBride - o vencedor do National Book Award. Nem a beleza de Jhumpa Lahiri, nem o humor negro de George Saunders, nem mesmo a estranheza de Thomas Pynchon. Nada! McBride tem uma obra prolifica voltada para o cinema, a música e a literatura. O livro conta a história de um escravo que vive no estado norte-americano do Kansas, em 1857, e tem ideias abolicionistas. Os jurados acharam o livro engraçado e original.


McBride já teve livros publicados no Brasil pela editora Bertrand Brasil.


TELECOM DE LITERATURA
O prêmio anunciou seus finalistas e promoveu um encontro durante a Balada Literária, mas ainda não disse quando vai ser a cerimônia de entrega.


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Será que esqueci de algum prêmio? Se alguém souber de alguma coisa, deixem um comentário.


*Foto: divulgação.
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COMBRAY EM FAC-SÍMILE


Como bem alertou Mario Sergio Conti num artigo para o caderno Ilustríssima, da Folha de SP, no dia do centenário do livro Du Côté de Chez Swann, de Marcel Proust: "multidões não sairão às ruas para, mascaradas com o bigodinho do romancista, fazer vigília (...) apenas alguns, em Londres, no Cairo, em Tóquio ou numa padaria nas Perdizes, brindarão à memória do grande artista". Para não ser injusto, acho que alguns lugares promoveram debates e encontros para tratar do assunto - se não me engano, nessa segunda-feira, a Casa do Saber RJ está recebendo o escritor Marcelo Backes para uma palestra para comemorar a data.

Nos Estados Unidos, a Morgan Library organizou uma exposição com fotos e manuscritos raros e uma série de concertos musicais. Fiquei sabendo que na França organizaram seminários e festinhas. Nada muito caloroso como no Bloomsday ou no Dia D.

Talvez a cereja do bolo tenha sido a edição fac-símile caprichada de Combray - a primeira parte de Du Côté de Chez Swann - organizada pela editora Gallimard. O livro tem grandes dimensões para ampliar a imagem dos manuscritos e o leitor ainda pode manipular certos trechos como se estivesse diante do original.

(Para entender melhor tem aqui um vídeo)

Detalhe: foram impressos apenas 1200 exemplares e não haverá nova impressão. Coisa para atender colecionadores e fãs do escritor. No site da Amazon francesa já não havia nenhum exemplar disponível e os compradores estavam revendendo por preços que variam de €268,00 a €472 (desconsiderando os custos de frete).

Abaixo algumas imagens do exemplar.





Fotos: ©Fondation Martin Bodmer, Cologny (Genève)
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

HOMENAGEM AOS 100 ANOS DE "DU CÔTÉ DE CHEZ SWANN"

Fotos: Rafael R. Tratamento de imagem: Tatiana Mello

















"Combray" (a primeira parte do livro) começou a ser escrita em 1909 e excertos apareceram no jornal Le Figaro entre 1912 e 1913. Du côté de chez Swann foi publicado pela primeira vez em 14 de novembro de 1913 pela editora francesa Grasset depois de ter sido recusado por outras editoras.

No Brasil, No caminho de Swann foi publicado pela primeira vez em 1948 pela editora Globo Livros de Porto Alegre com tradução de Mario Quintana.

A Penguin/Companhia das Letras vai publicar uma nova tradução em 2014 com o nome Do lado de Swann assinada por Mario Sergio Conti.

Trilha sonora sugerida http://youtu.be/0aLoezucIzk



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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

RESPEITEM O MEU BIGODE!


Os puristas acham que o #casmurros se rendeu aquela moda do bigode. Não! Explico: No caminho de Swann, o primeiro livro da série Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust vai completar 100 anos desde a sua primeira publicação em 14 de novembro de 1913. Trata-se de uma efeméride muito importante porque esse livro está entre as maiores obras da literatura mundial principalmente por sua ambição de querer domar o tempo pela escrita (evidentemente, existem outros tantos elementos que fazem o livro ser o que ele é; são tantos que passaria um dia inteiro para elencar).

Por isso, vou ostentar um magnífico bigode em comemoração a data. Daqui a pouco volto com mais, prometo!

*Imagem: reprodução do Google.
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