sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

RECADO


Pessoal,

Para variar, o ano está acabando e como sempre eu ainda tinha um monte de coisas para falar e fazer. Infelizmente não deu. Que mal! Entra ano e sai ano e as coisas são assim. As novidades ficam para o ano que vem. O blog faz uma pausa de hoje até a primeira semana de 2014. Feliz ano novo!

*Imagem: reprodução daqui.
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UM LIVRO QUE VIROU DISCO


Vira e mexe lemos notícias de livros que viraram filmes ou peças de teatro, mas livros que inspiram discos não pintam a todo momento. Por isso recomendo o disco Malagueta, Perus e Bacanaço, de Thiago França para quando você estiver arrumando as malas para as viagens de final de ano e férias. Pelo título você deve ter sacado que o disco foi livremente inspirado no conto homônimo do escritor João Antônio, portanto não custa nada carregar junto o livro - o volume Contos reunidos saiu no final do ano passado pela Cosac Naify em edição caprichada reunindo todos os contos, textos críticos e um encarte com 'Vocabulário das ruas' compilado pelo próprio autor.

Thiago França concebeu Malagueta, Perus e Bacanaço em homenagem aos 50 anos do lançamento da primeira edição do livro publicado em 1963. As canções contam com a participação de gente muito fera: Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Daniel Ganjaman, Romulo Fróes e mais um monte de gente bacana. Saiu pelo selo YB Music/Goma-Gringa e muito gentilmente o Thiago disponibilizou o download no blog dele: thiagofrancaoficial.blogspot.com.br

As comemorações em torno da obra de João Antonio são muito merecidas. Sua obra, embora sucesso de crítica e público nos anos 60/70, andava um tanto esquecida e precisava de uma revisão para tirar a poeira das estantes. O que acho mais interessante é o fato dos seus contos colocarem a cidade de São Paulo (os bairros da Lapa, Água Branca, Barra Funda e Pinheiros) no mapa literário contemporâneo. Tenho a impressão que no imaginário geral a cidade esta muito colada a Mário de Andrade e Alcântara Machado - com todo o respeito. João Antonio atualizou o panorama buscando a linguagem dos malandros da rua da pauliceia alucinada para mostrar uma cidade dura, brutal e anônima.

João Antônio (segurando uma bola de sinuca) e os malandros Lima Duarte como Malagueta, Gianfrancesco Guarnieri como Perus e Maurício do Valle como Bacanaço nos anos 70.
Para as adaptações ficarem completas faltou o lançamento em formato DVD do filme O jogo da vida, dirigido por Maurice Capovilla e também inspirado na obra de João Antônio. O filme é raro (foi gravado em 1977) e a gente só consegue assistir em cineclubes ou mostras de cinema. Quem sabe no ano que vem alguém consegue a proeza!

*Imagens: divulgação / reprodução.
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

PRÊMIOS LITERÁRIOS PARA FECHAR O ANO

Os ganhadores do Portugal Telecom 2013: Eucanaã Ferraz (poesia), José Luiz Passos (romance e prêmio principal) e Cíntia Moscovich (Conto/Crônica).

Publiquei no final de novembro uma compilação com os vencedores dos prêmios literários mais importantes, controversos e divertidos do ano (reveja aqui). Para completar a lista, fiquei devendo apenas os vencedores de seis prêmios que foram anunciados ao longo de dezembro. Com isso, ficamos com um panorama amplo de livros que foram celebrados pela crítica especializado (ou não?) e fechamos o ano sem aquelas listas de melhores do ano. A lista inclui apenas os vencedores nas categorias de prosa de ficção.

BAD SEX IN FICTION
Sexo bem feito é bom e todo mundo gosta. Já sexo ruim... fico até sem palavras. Imagina na literatura. O prêmio mais divertido do ano que celebra cenas de sexo ruim na literatura foi para as mãos do indiano Manil Suri com o livro The City of Devi (ainda sem tradução para o português). Suri tem um livro publicado no Brasil A morte de Vishnu que saiu pela Companhia das Letras, em 2001. Os jurados citaram o trecho abaixo para justificar a escolha:

"The hut vanishes, and with it the sea and the sands – only Karun’s body, locked with mine, remains. We streak like superheroes past suns and solar systems, we dive through shoals of quarks and atomic nuclei. In celebration of our breakthrough fourth star, statisticians the world over rejoice."

O que vocês acharam?

HATCHET JOB OF THE YEAR
A machadinha de ouro! Outro prêmio concebido por críticos ingleses (do The Omnivore) com o intuíto de escolher a resenha de livro mais revoltante ou engraçada do ano. A vencedora foi a crítica assinada por Camilla Long para o livro Aftermath, de Rachel Cusk que saiu no Sunday Times Review. Ela começou a resenha chamando o livro de "simples e bizarro". Leia aqui.

PORTUGAL TELECOM
Pois é, não deu para Daniel Galera - eu e a torcida do Borussia Dortmund tínhamos quase certeza que Barba ensopada de sangue levaria o prêmio para casa. O vencedor na categoria romance foi O sonâmbulo amador, de José Luiz Passos. A vitória foi merecida porque o livro tem muitas qualidades com destaque para a linguagem hipnotizante e onírica de Jurandir - esse livro foi exaustivamente esmiuçado pelo júri da Copa de Literatura Brasileira (eu estava lá) e só perdeu na final para Diário da queda, de Michel Laub. Na categoria conto o vencedor foi Essa coisa brilhante que é a chuva, de Cintia Moscovich - outro livro que passou despercebido por muita gente.

CUNHAMBEBE
O prêmio Cunhambebe, dedicado aos melhores livros de ficção estrangeira publicada no Brasil e organizado pelo agente literário Stéphane Chao, divulgou seu vencedor: Os enamoramentos, de Javier Marías com tradução Eduardo Brandão publicado pela Companhia das Letras.

APCA
Apesar de ser uma instituição antiga, a Associação Paulista de Críticos de Artes começou a premiar escritores somente em 1972. O vencedor da categoria romance foi Lívia e o cemitério africano, de Alberto Martins e da categoria contos/Crônicas foi Garimpo, de Beatriz Bracher - ambos foram publicados pela Editora 34.

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL
O último prêmio do ano foi anunciado na semana passada. Na categoria romance, o júri da Fundação Biblioteca Nacional escolheu o livro Opsianie Swiata, de Veronica Stigger que acaba de sair pela Cosac Naify. Já a categoria conto ficou com Aquela coisa brilhante que é a chuva, de Cintia Moscovich - que já tinha faturado o Portugal Telecom.

* Imagem: divulgação do Prêmio Portugal Telecom.
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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

HOMENAGEM A GRACILIANO RAMOS


Tem poucas notícias literárias circulando esses dias, né? Acho que todo mundo está em ritmo alucinado de compras de natal e festas de final de ano. Porém, antes que o ano acabe, a TV Globo exibe o especial "Alexandre e outros heróis" em homenagem aos 60 anos de morte do escritor alagoano Graciliano Ramos. Trata-se de uma livre adaptação dos contos O olho torto de Alexandre e A morte de Alexandre que estão no livro juvenil chamado Histórias de Alexandre - a edição mais recente foi lançada em 2007 pela Editora Record.


O texto tem assinatura de Luís Alberto de Abreu e a direção ficou a cargo de Luiz Fernando Carvalho. O elenco tem Ney Latorraca, Flávio Rocha, Marcélia Cartaxo, Marcelo Serrado e outros.

Promete!

Imagem: TV Globo/Divulgação
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

PRESENTES DE NATAL 2013


Não posso fugir a tradição de todos os anos. Por isso, mais uma vez, organizei uma seleção de presentes para o natal. No "guia de compras" entraram apenas livros de ficção em prosa lançados ao longo do ano de 2013. A intenção é ajudar na hora das compras de última hora para o amigo secreto e tudo o mais. Com essas dicas você não vai fazer feio - pode ter certeza.

O serviço inclui imagem de capa do livro, título, autor, tradutor, preço e link para o site das editoras. O preço pode variar dependendo da livraria em que você compra em função de ofertas promocionais, programas de fidelidade, descontos, compra pela internet, importação etc.

Boas compras!


Decameron, de Boccacio com tradução de Maurício Santana Dias e ilustrações de Alex Cerveny (Cosac Naify; R$ 89,00). Um clássico da literatura universal repaginado em edição caprichada.

Jun Do, de Adam Johnson com tradução de André Gotlieb (Lafonte; R$ 44,90). Uma aventura nas profundezas do regime totalitário da Coréia do Norte em busca de justiça.

Divórcio, de Ricardo Lísias (Alfaguara; R$ 39,90). Trabalho primoroso do autor que leva aos limites a fronteira entre o real e a ficção mirando na desconstrução do discurso viciado de alguns grupos sociais dominantes.

Reprodução, de Bernardo Carvalho (Companhia das Letras; R$ 37,00). Uma reprodução genial da verborragia vazia, confusa, ensurdecedora e sufocante da internet e suas redes sociais.

Codex Seraphinianus, de Luigi Serafini (Rizzoli; $89,99 - importado aproximadamente R$ 410,10). Uma espécie de catálogo de um mundo imaginário com um texto indecifrável e misterioso que fascinou Italo Calvino, John Cage, Tim Burton, entre outros.

Amanhã não tem ninguém, de Flávio Izhaki (Rocco; R$ 28,00). Tal como o título sugere é uma história de personagens tentando lidar com a dor da solidão.

Como me tornei freira, de César Aira com tradução de Angélica Freitas (Rocco; R$ 36,50). Uma história insólita e delirante em que tudo se confunde e nada parece ser exatamente aquilo que é - essa edição inclui também a novela A costureira e o vento.

Delírio de Damasco, de Verônica Stigger (Cultura e Barbárie; R$ 30,00). Um resgate de fragmentos deliciosos de conversas alheias, colhidos aleatóriamente e trabalhados até o limite de sua transformação total.

É assim que você a perde, de Junot Diaz com tradução de Flávia Anderson (Record; R$ 32,00). A difícil arte de resistir ao desejo ardente e as vontades da carne.

Vida querida, de Alice Munro com tradução de Caetano W. Galindo (Companhia das Letras; R$ 37,00). A mestre do conto nos dá mais uma prova de seu enorme talento. Por ser um livro de despedida (Munro disse que pretende encerrar sua carreia) o livro mistura contos e textos autobiográficos.

A arte do jogo, de Chad Harbach com tradução de Alexandre Barbosa de Souza e Julia Sobral Campos (Intrínseca; R$ 39,90). A história de um jogador de beisebol muito talentoso, mas frágil tendo que lidar com a difícil arte de apreender o jogo da vida.

*Imagem das capinhas: divulgação / montagem: Rafael R.
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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MADELEINES LITERÁRIAS - UMA RECEITA


Perdoem a minha falha! Encerrei as comemorações em torno do centenário do livro Du côté de chez Swann, de Marcel Proust sem publicar a coisa mais importante de todas: a receita do famoso bolinho de Madeleine. Para quem não sabe, Proust celebrou a iguaria num episódio do livro em que o narrador leva a boca o bolinho com chá, lembra da infância e metaforicamente dilui a passagem cronológica do tempo. Nos livros de culinária circulam muitas histórias sobre quem foi o verdadeiro inventor da Madeleine. A versão mais conhecida é atribuída a uma empregada da marquesa Perrotin de Baumont, em 1755 - ela copiou uma receita da sua avó.

Os ingredientes são fácil de encontrar e a forma com formato de concha está à venda em lojas do ramo (é possível comprar pela internet). A receita só requer tempo e paciência de quem estiver preparando. Acho que vale a pena arriscar e depois folhear algumas páginas do livro com algum chá de sua preferência.

MADELEINE DE PROUST

A receita é do Chef Rafael Tabach, Boulanger-Pâtissier. 

Ingredientes

· 2 ovos grandes
· 85g de açúcar refinado
· 1 pitada de sal
· 90g de farinha de trigo peneirada
· 2,5g de fermento químico em pó (cerca de 1/3 de colher de café)
· 90g de manteiga sem sal derretida e fria
· 10g de mel fino
· raspas de casca de dois limões (somente a parte verde)

Modo de Preparo

Coloque os ovos em uma tigela e bata bem. Acrescente o açúcar e bata bem até homogeneizar por completo. Incorpore a farinha e o fermento peneirados juntos e mexa bem, sem bater. Adicione a manteiga e o mel, e mexa bem para homogeneizar. Cubra a tigela com um plástico, leve à geladeira e deixe descansar por 30 minutos. Unte as formas de madeleine com manteiga derretida e coloque porções da massa quase até a borda de cada forminha. Leve ao forno pré-aquecido a 230 graus. (Esta temperatura é necessária para a madeleine "subir"). Após 6 minutos, reduza a temperatura do forno para 190 e abra um pouco a porta (não escancarar) por 2 a 3 minutos para a madeleine continuar assando toda por igual. Asse por 15 minutos aproximadamente, até elas estarem douradas e firmes. Desenforme quando sair do forno e consuma.

*Imagem: reprodução.
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